quinta-feira, 4 de junho de 2009

Casa do futuro

A rápida evolução de produtos e equipamentos eletrônicos e da informática fazem da automação residencial uma realidade. Hoje, os usuários já dispõem de sistemas integrados em suas casas que podem controlar cortinas e persianas, áudio, vídeo, som ambiente, TV por assinatura, segurança (alarmes, monitoramento, CFTV), iluminação, ar-condicionado e aquecimento e telefonia, entre outras utilidades.

Parte dos novos empreendimentos oferece soluções para facilitar a vida doméstica. Porém, nem toda automação é projetada de maneira integrada. Muitas soluções utilizam sistemas autônomos, que não se comunicam entre si.

Um dos principais problemas apontados pela Aureside (Associação Brasileira de Automação Residencial) é que o País não conta com profissionais de perfil adequado à nova realidade para suprir as necessidades do mercado. Por esse motivo, a entidade está empenhada em formar e divulgar o integrador de sistemas residenciais, profissional habilitado para elaborar um projeto de integração prévio, definindo todo o cabeamento, infraestrutura, plataformas de automação e relação de equipamentos necessários.

Gustavo de Mello, engenheiro de automação da GDS, empresa que atua em projeto e instalação de sistemas, também destaca que a integração dos vários sistemas de uma residência é a base. "Só com a integração é que se consegue torná-los inteligentes, como por exemplo a iluminação que se acende na presença de pessoas quando os ambientes já estão escuros, ou se apaga quando a iluminação natural é suficiente", exemplifica.

Fotos: Marcelo Scandaroli
Rack com central de automação (memória de seis terabites), amplificador, DVD e painel touch screen

Empreendimentos automatizados
As construtoras vêm incorporando algumas soluções de automação residencial, além das tradicionais (alarme, sistemas de segurança etc.) em seus empreendimentos. Porém, ainda não é uma regra geral. "Cada apartamento será personalizado pelo morador. Já no caso das áreas comuns, visando à redução de custos de energia e água, as empresas investem na maior integração entre os sistemas", diz Thales Eduardo Massud Cavalcanti, da Aureside.

De acordo com Mello, também da Aureside, essas empresas o fazem de forma ainda acanhada, pois sentem receio em relação ao custo-benefício. "Entretanto, integrar a iluminação dos ambientes comuns do edifício como salão de festas, piscina, sauna, segurança e irrigação de jardins são soluções viáveis e inteligentes."

Daniel Lima, diretor da Avantime, empresa que projeta e instala automação, também nota certa resistência por parte das construtoras. "Não sabemos o real motivo, mas acreditamos que há receio de que o sistema não funcione e a construtora tenha que arcar com a garantia. Alguns prédios estão sendo entregues com soluções de iluminação e biometria, mas não há integração total entre os sistemas. E como muitos não estão funcionando como o prometido, há casos de clientes que tiraram todo o sistema que foi entregue pela construtora porque não funcionava inteligentemente como deveria", explica Lima.

Outro ponto importante, segundo Lima, seriam promessas não cumpridas por falta de conhecimento. "Muitos empreendimentos dizem estar preparados para receber automação, mas o usuário necessita fazer uma reforma razoável em seu apartamento e isso é um problema", adverte. Para ele, no Brasil, a integração dos sistemas está atrasada, mesmo tendo um custo de cerca de 3% a 4% do valor da obra. Lima lembra que é preciso estabelecer o que será automatizado. Por exemplo, um apartamento de 120 m2, com três dormitórios, pode ter toda a iluminação controlada (com dimers), motorização das persianas da sala, controle do home theater e do som ambiente e ainda comando do sistema de ar-condicionado por cerca de R$ 15.000,00 (4% do valor do imóvel, considerando R$ 3.000,00/m2).

Fotos: Marcelo Scandaroli

Controle de ar-condicionado que pode ser usado independentemente ou por meio do sistema central, teclado (preto) de controle de acesso e sistema de biometria (branco): também interligados à central

Integração inteligente
Nos empreendimentos de alto padrão as soluções de automação são mais comuns. "Normalmente, têm 100% de sua iluminação dimerizável, além de pontos de persiana, sistema de biometria e painéis touch screen, que elevam um pouco mais o custo do projeto. Para as construtoras, que compram em grande volume, os custos são menores", contabiliza Lima.

Para que os sistemas sejam integrados de forma a tornar seu funcionamento mais inteligente e eficiente, são necessários elementos e equipamentos considerados integradores de automação. Basicamente se faz uso de centrais de automação, com tecnologia wireless ou não, que integram os diversos sistemas. "Na tecnologia com fio evoluíram os produtos que utilizam plataforma TCP-IP. Mas o grande crescimento é das tecnologias sem fio, uma vez que a cada dia são lançados módulos específicos para diferentes finalidades, antes restritos à iluminação", explica Cavalcanti, da Aureside. O desenvolvimento das tecnologias sem fio permite controle integrado da residência e diminui os custos de infraestrutura para a instalação de sistemas.

"Pode-se utilizar um comando para acender uma lâmpada em um determinado ambiente. Mas se o usuário desejar mudar essa configuração, não será necessário alterar nenhum cabeamento, apenas dar um comando no software. Esse comando pode também acionar diversos itens ao mesmo tempo, como fechamento de persianas e acendimento de luz, som e vídeo. Isso nos dá a ideia da flexibilidade que se pode alcançar", afirma Cavalcanti.

Lima afirma que são poucos os sistemas realmente integradores. "Um PC tem a capacidade de comandar uma casa via rede, mas automação residencial é uma coisa muito séria e, sinceramente, não pode ser gerenciada por um computador comum, que pode travar a qualquer momento", diz. Por isso, ressalta, é importante procurar soluções sérias, desenvolvidas única e exclusivamente para um sistema de automação.

"Nós trabalhamos com duas plataformas, a Control4 [americana] e a Bticino [italiana]. Cada uma tem suas vantagens, mas são sistemas estáveis e que permitem integração. Trabalhamos também com alguns módulos residenciais que podem ser integrados com a central desses sistemas.

Assim, um sistema bem programado gerencia a casa de forma inteligente. Por exemplo, as luzes podem ser programadas para acender no máximo em 90%, o que além de gerar economia de 10% na conta de luz, duplica a vida útil da lâmpada. Outra forma inteligente de programação, destaca Lima, é não permitir que as luzes sejam acionadas durante o dia (função que pode ser desbloqueada por uma senha), e que as persianas fechem automaticamente no momento que o sol comece a entrar pela sala, o que manterá temperatura agradável e reduzirá o uso do ar-condicionado.


Projeto integrado
Seja para construtoras ou para um usuário final, um projeto detalhado de automação é essencial. "Mesmo para a própria empresa integradora o projeto é importante, pois é um guia do que deve ser feito e instalado e serve de apoio para as manutenções futuras", ressalta Lima. Ele recomenda às construtoras que, antes de fechar qualquer projeto, exijam do integrador a participação dos fabricantes no projeto, pois só assim eles poderão ter certeza do atendimento às especificações e acompanhamento.

Entre as características de um bom projeto de automação residencial, tão importante quanto o bom funcionamento do sistema é a previsão de expansão futura. "Hoje, motorizar uma persiana pode ultrapassar o orçamento de um cliente. Mas quem sabe dentro de seis meses? O custo da infraestrutura é tão pequeno em comparação com o projeto e os esforços para uma outra reforma, que pode ser absorvido", exemplifica. Lima lembra ainda que além de analisar a expansão, é importante levar em conta as características que são importantes para o cliente. Para alguns, controlar a iluminação é dispensável, e seu foco está nos equipamentos de áudio e vídeo. Para outros, a iluminação é essencial.

Já Cavalcanti destaca também a flexibilidade e a interface amigável como outra das importantes características de um bom projeto. "O usuário não deve precisar de um treinamento para conseguir comandar seu home theater, por exemplo, nem mesmo ficar preso a quatro ou cinco controles remotos. Com a integração, os equipamentos todos passam a ser acionados por um único controle remoto, que comanda ainda a iluminação e temperatura adequadas para aquele momento e ambiente", lembra.

Apesar da internet criar a possibilidade de acesso remoto no controle de residências, isso acontece em poucos casos. Em geral, utiliza-se acesso às câmeras, cujas imagens podem ser vistas pela internet, ou a abertura de portas com biometria, para os usuários terem acesso à residência antes mesmo de chegar em casa. "Também é possível acionar banheira ou o chuveiro pelo celular, mas é uma função muito pouco usada. Acreditamos que o maior benefício da internet, com autorização prévia do cliente, é acessarmos sua residência para manutenção na programação", completa Lima.

O que pode ser instalado em uma casa ou apartamento


1) Irrigação de jardim (horários programados e sensores de umidade)
2) Cabeamento estruturado (dados, voz e imagem)
3) Circuito fechado de TV
4) Controle de acesso (biometria, cartões de proximidade, tags para veículos)
5) Controle de iluminação
6) Controle de utilidades (caixas de água, bombas, filtros, piscinas, saunas)
7) Controle e monitoramento de elevadores
8) Controle e monitoramento de medições (gás, água e eletricidade)
9) Controle e monitoramento do sistema de climatização
10) Entretenimento (imagens, TV a cabo, som ambiente)
11) Rede de dados condominial
12) Sistema de detecção e alarme de incêndio
13) Sistema de segurança

Detalhamento
A) Iluminação
n Controle integrado e remoto de toda a iluminação da casa, permitindo a criação de estados pré-definidos das lâmpadas (dimerizadas) para ocasiões específicas (jantar, filme, festa etc.), chamadas de cenas.
n Utilização de sensores para acionamento automático, quando conveniente, integrados a acionamentos de persianas e outras funções do ambiente.

B) Controle de home-theater
n Integração de todos os comandos de áudio e vídeo (DVD, TV, CD player, videokê, Ipod etc.), simplificando e tornando prático o uso do home-theater e quaisquer outros equipamentos de áudio e/ou vídeo da casa. Isso permite que o usuário ligue todos os equipamentos necessários para assistir ao que quiser com apenas um toque.
n É possível também a integração de outros comandos, como ar-condicionado, iluminação ou persianas, que, em conjunto criam condições favoráveis para uma seção de home-theater.

C) Controle de som ambiente
n Automação de zonas de som ambiente, em diferentes regiões e cômodos da casa, que reproduzem todas as fontes de áudio (equipamentos, servidor de música etc.) existentes na casa.
n Controle de caixas de som, que podem ser especificadas e posicionadas de acordo com o tamanho e características de cada ambiente.

D) Controle de climatização
n Comandos de climatização (aquecedor e ar-condicionado) integrados ao sistema de controle, especificados de acordo com o tamanho do ambiente.
n Criação de funções que alguns equipamentos não têm, como por exemplo ligar e desligar o aquecedor ou ar-condicionado em horários definidos, ou desligá-los depois de certo tempo de funcionamento, ou depois que o ambiente atingir certa temperatura.

E) Controle da área de lazer
n Visualização da área de piscina e lazer por meio de câmeras pode ajudar a cuidar das crianças quando brincam.
n Ativação de aquecedor ou do filtro da piscina, que pode ser feito por um controle sem fio programado por horário.

F) Segurança
n Sistema de segurança e alarme também integrados ao sistema de controle, incluindo câmeras de segurança monitoradas remotamente, sensores de presença, alarmes, acionamento de portas e portões e ativação de funções da casa por meio da internet ou do celular.

G) Conforto
Outras funções normalmente inseridas em sistemas de automação são:
n Controle de persianas e cortinas: acionamento remoto da abertura e fechamento, com definição de posições preferidas para iluminação natural da casa.
n Irrigação: acionamento remoto de sistemas de irrigação em quintais ou varandas.
n Abertura de portas e portões: abertura e fechamento de portas e portões remotamente.

Influência do teor de umidade dos agregados nas argamassas de revestimento

Quando o processo de produção de argamassa para revestimento é todo realizado no canteiro de obras, uma série de conhecimentos técnicos e cuidados envolvendo mão-de-obra, materiais e equipamentos é necessá­ria para a obtenção de bons resultados. Além de diversas operações a serem planejadas e executadas, existe também a necessidade de se estocar os agregados. Em locais descobertos, como é bem comum, a areia sofre grande variação de teor de umidade, com implicações diretas no volume correto que deve ser misturado durante a produção, de acordo com as especificações da obra.

O presente trabalho aborda a importância de se conduzir a produção respeitando-se especificações de projeto, destacando a influência que a variação da umidade dos agregados no canteiro de obras pode ter em determinadas propriedades das argamassas e no desempenho do revestimento aplicado. Os experimentos foram realizados em laborató­rio, simulando-se condições que podem ocorrer em obra, comparando situações de produção com areia seca e com areia úmida.

Figura 1 - Obtenção de argamassa em obra - cuidados na dosagem, na etapa de produção e na aplicação

Produção de argamassa em obra


Em grande parte das obras, as informações disponí­veis para produção da argamassa de revestimento costumam se resumir à proporção dos materiais em volume, e conta-se com a experiência do pedreiro para conduzir todo o processo. Esse profissional tem grande importância, contribuindo com observações prá­ticas sobre a consistência da argamassa e detalhes da aplicação e do acabamento, mas não se deve entregar a ele a total responsabilidade pela produção. As decisões devem caber sempre ao engenheiro ou ao arquiteto responsá­vel pela obra.

Todo o processo de produção deve ser baseado em um estudo pré­vio, ainda na etapa de planejamento da obra, que considere o projeto arquitetô­nico, condições locais de exposição da construção e condições construtivas especí­ficas. Entre as características do projeto podem ser citadas a espessura final das paredes, o tipo de acabamento desejado da superfí­cie e detalhes como pingadeiras, desenhos em alto ou baixo relevo, frisos e juntas. Entre condições locais de exposição estão o clima e a orientação das fachadas. Entre condições construtivas podem ser citadas características dos blocos que compõem a alvenaria, os equipamentos disponí­veis e, até mesmo, o prazo da obra.

Para produzir argamassa em obra são necessá­rios, portanto, especificações detalhadas, escolha e controle de características dos materiais, treinamento da mão-de-obra envolvida nas operações de dosagem, de produção e de aplicação, incluindo a escolha adequada de equipamentos (figura 1).

Figura 2 - 1) Padiola com areia seca; 2) Areia úmida; 3) Volume excedente devido ao inchamento

Para uma mesma argamassa, modificações aparentemente simples, muitas vezes não planejadas, podem alterar significativamente os resultados desejados. O teor de umidade do agregado, objeto de estudo do presente trabalho, é uma condição importante em todo o processo de execução de um revestimento. A água livre na superfí­cie dos grãos de areia, proveniente do local de extração ou da chuva, provoca o fenô­meno de inchamento, isto é, aumento de volume de uma porção de agregado, por causa do afastamento das partí­culas. O inchamento pode se acentuar quando a areia úmida é manuseada, no enchimento de latas e padiolas, podendo chegar pró­ximo de 30% - a figura 2 ilustra uma experiência prá­tica para visualizar o problema. Por causa desse fenô­meno, é preciso corrigir o volume a ser misturado para manter as proporções especificadas, multiplicando a quantidade de areia seca pelo coeficiente de inchamento (para o inchamento de 25%, por exemplo, o coeficiente de inchamento é igual a 1,25). Não se deve esquecer que, ao mesmo tempo, precisará ser corrigida também a quantidade de água medida para mistura com areia seca, pois parte dela já se encontra na areia úmida.

Vale lembrar que o teor de umidade é um valor percentual relacionado à massa de água contida na areia e que o inchamento refere-se ao volume acrescido na areia por causa dessa mesma água. Tanto um valor como o outro podem ser determinados facilmente em obra ou em laborató­rio, com equipamentos simples. Em tempo seco e ensolarado, a areia exposta nessas condições por alguns dias costuma apresentar teor de umidade até 2%, valor muito pouco significativo para a produção de argamassas. Em dias chuvosos a umidade da areia aumenta, dependendo da precipitação e do tempo de exposição. Para cada teor existe um valor de inchamento, até um valor má­ximo, conforme características granulomé­tricas da areia. De um modo geral, entre os teores de umidade 6% e 10% ocorrem os maiores aumentos de volume, que podem chegar a 30%, ou um pouco acima, valor de grande influência no processo de produção de argamassas em obra.